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Fábrica de cerâmica da Serra da Capivara produz 10 mil peças por mês e atende até o Masp; conheça

Fábrica de cerâmica da Serra da Capivara produz 10 mil peças por mês e atende até o Masp; conheça
Fábrica de cerâmica da Serra da Capivara produz 10 mil peças por mês e atende até o Masp
Francisco Gildásio
Com 10 mil peças produzidas por mês e encomendas feitas para o Museu de Arte de São Paulo (Masp), a fábrica de cerâmica da Serra da Capivara confecciona peças que contam o passado do homem americano e honram o legado da arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon, falecida em junho deste ano.
Fundada há 31 anos em Coronel José Dias, no Sul do Piauí, a fábrica foi idealizada por Niède com o propósito de gerar emprego e renda para os moradores locais e das outras cidades que compõem o Parque Nacional da Serra da Capivara, considerado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco.
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Segundo o diretor da fábrica, Marcos Oliveira, a arqueóloga levou um ceramista japonês ao lugar no começo da década de 1990. O profissional ensinou o ofício aos artesãos piauienses e instalou o primeiro forno.
Dos quatro artesãos iniciais, a empresa cresceu e conta atualmente com 41 deles. Há ainda pessoas que trabalham na loja, no escritório e no processo de embalagem das peças, o que soma mais de 60 trabalhadores.
"Desde o início, a doutora Niède priorizou práticas sustentáveis: o uso de argila retirada de lagoas, que evita a erosão e contribui para o aumento da capacidade de retenção de água nas áreas secas; e o uso de forno a gás, eliminando a necessidade de desmatamento para a queima", aponta o diretor.
A fábrica produz, de forma 100% artesanal, utilitários como pratos, copos, canecas e travessas, e itens decorativos, como vasos e esculturas trazendo pinturas das inscrições rupestres encontradas no parque. Além do Masp, a empresa atende a outros clientes de São Paulo, Brasília e de todo o país.
Tour pela fábrica
Fábrica de cerâmica da Serra da Capivara produz 10 mil peças por mês e atende até o Masp
Francisco Gildásio
Os turistas que visitam o Parque Nacional da Serra da Capivara acompanham de perto as etapas do processo artesanal, desde o preparo da argila, que passa por decantação, secagem e limpeza, até a modelagem, feita em torno, formas ou com placas.
Após a primeira queima, as peças são esmaltadas com minérios naturais, recebem a pintura inspirada nas figuras rupestres e passam por uma segunda queima a 1.240 °C — adquirindo cor, brilho e resistência.
"Muitos [turistas] produzem suas próprias peças, aprendem sobre a origem da argila e vivenciam o processo criativo ao lado dos artesãos. Eles saem com a sensação de que, ao comprar ou interagir com a cerâmica, estão contribuindo diretamente para o desenvolvimento da população local", afirma o secretário de Turismo de Coronel José Dias, Arivan Lima.
O passeio pelo parque inclui a oficina e termina na loja, onde é possível adquirir as peças. A fábrica funciona de segunda a sexta, das 7h30 às 17h30, e aos sábados, das 8h às 12h.
Luto e legado
Fábrica de cerâmica da Serra da Capivara produz 10 mil peças por mês e atende até o Masp
Francisco Gildásio
Antes da morte de Niède, os artesãos e trabalhadores da fábrica tiveram de lidar com outra perda: a administradora do lugar, Girleide Oliveira, que faleceu em janeiro de 2025.
De acordo com Marcos Oliveira, a atuação de Girleide contribuiu para o "salto decisivo" no crescimento e reconhecimento da empresa, uma vez que ela priorizou a expansão do mercado do artesanato produzido na Serra da Capivara.
"Ela começou a buscar um mercado fora, participando de eventos de artesanato, viajando o Brasil todo. Com isso, começamos a vender mais e conseguir clientes. Hoje o turismo tem crescido bastante, o que fortalece ainda mais nosso trabalho", completa o diretor da fábrica.
Sobre o parque
Parque Nacional Serra da Capivara, no Sul do Piauí
Celso Tavares/G1
O Parque Nacional Serra da Capivara foi fundado em 5 de junho de 1979 como uma unidade de conservação de uso integral. Com 130 mil hectares e mais de 1.200 sítios com arte rupestre, pinturas que foram feitas em rochas e paredes de cavernas há milhares de anos, atrai cientistas e turistas de todo o mundo.
Os trabalhos realizados no parque pela equipe de Niède Guidon foram fundamentais para comprovar que os primeiros homens a chegarem na América datam de cerca de 100 mil anos.
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No parque é possível encontrar registros rupestres pré-históricos, especialmente as pinturas gravadas nas rochas com cenas de caça, sexo, guerra e outros aspectos da vida cotidiana.
O local ainda tem cânions gigantescos que chegam aos 200 metros de altura, além de belíssimos platôs. Os paredões são resultados da movimentação das placas tectônicas da Terra há cerca de 200 milhões de anos.
Niède Guidon enxergou no sertão piauiense um solo cheio de memória
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