Trump propõe redesenhar distritos eleitorais do Texas para colocar mais republicanos no Congresso, e oposição reage

Trump celebra registro de Sydney Sweeney no Partido Republicano
O presidente dos EUA, Donald Trump, propôs um redesenho dos distritos eleitorais no Texas, com o apoio do governador do estado, Greg Abbott. A medida quebra uma tradição de anos, mas, se tiver êxito, pode render alguns assentos a mais para o Partido Republicano.
Ao contrário do Brasil, a disputa das cadeiras de deputado federal ocorre por distrito, e não pelo total de votos recebidos pelos candidatos no estado.
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O redesenho de distritos geralmente ocorre após a contagem populacional realizada uma vez a cada década pelo Departamento do Censo dos EUA ou em resposta a uma decisão judicial.
O precedente aberto pelos republicanos do Texas pode, porém, fazer com que outros estados sigam o exemplo.
O ato de redesenhar os distritos com o objetivo de "quebrar" redutos de um partido e integrá-los a distritos de maioria rival é chamado, no país, de "gerrymandering".
Nesta segunda-feira (4), democratas da Câmara do Texas deixaram o estado para impedir a votação do plano de redesenho de Trump, que provavelmente enviaria mais cinco republicanos para Washington após as eleições de meio de mandato de 2026, dificultando a recuperação da maioria da Casa pelos democratas.
Trump teme que, caso os democratas voltem a ser maioria entre os deputados, o Congresso coloque mais barreiras a seus projetos.
O Texas tem 38 cadeiras na Câmara. Os republicanos agora detêm 25, e os democratas 12, com uma cadeira vaga após a morte de um democrata.
Donald Trump e o governador do Texas, Greg Abbott, dividem púlpito em coletiva de imprensa em 11 de julho de 2025
Kevin Lamarque/Reuters
“Houve muito mais esforços por parte dos partidos e atores políticos para expandir os limites — literal e figurativamente — para reconfigurar o jogo”, disse Doug Spencer, titular da Cátedra Rothgerber Jr. em Direito Constitucional na Universidade do Colorado.
Outros estados estão aguardando para ver o que o Texas fará e se seguirão o exemplo.
Regras vagas e variáveis
As regras de redesenho de distritos podem ser vagas e variáveis; cada estado tem seu próprio conjunto de regras e procedimentos. Os políticos estão avaliando como os eleitores reagirão ao remapeamento com motivação política.
Aqui está o que você precisa saber sobre as regras de redesenho de distritos eleitorais:
Quando o redesenho de distritos normalmente ocorre?
A cada década, o Censo americano coleta dados populacionais usados para dividir as 435 cadeiras da Câmara entre os 50 estados com base na contagem atualizada de habitantes.
Esse é um processo conhecido como redesenho de distritos. Estados que cresceram em relação a outros podem ganhar uma cadeira às custas daqueles cujas populações estagnaram ou diminuíram.
Os estados usam seus próprios procedimentos para traçar linhas para o número atribuído de distritos. Os menores estados recebem apenas um representante, o que significa que todo o estado é um único distrito eleitoral.
Algumas constituições estaduais exigem comissões independentes para definir os limites políticos ou aconselhar o Legislativo. Quando as legislaturas assumem a liderança do processo, os legisladores correm o risco de traçar linhas que acabam sendo contestadas judicialmente, geralmente por violarem a Lei do Direito ao Voto. Os cartógrafos podem ter outra chance de reenviar novos mapas. Às vezes, os juízes desenham os mapas por conta própria.
O redistritamento no meio do ciclo eleitoral é permitido?
Nas primeiras eleições de meio de mandato (as chamadas "midterms") após a última contagem populacional, cada estado já tem seus mapas prontos, mas esses distritos nem sempre se mantêm. Os tribunais podem considerar as linhas traçadas como inconstitucionais.
Não há impedimento nacional para um estado tentar redesenhar distritos no meio da década e fazê-lo por razões políticas, como aumentar a representação do partido no poder.
“As leis sobre redesenho de distritos apenas dizem que é preciso remapeá-los após cada censo”, disse Spencer. “E então algumas legislaturas estaduais foram um pouco espertas e disseram: bem, isso não significa que não podemos fazer isso mais vezes.”
Alguns estados têm leis que impedem o redistritamento no meio do ciclo eleitoral ou dificultam fazê-lo de uma forma que beneficie um partido.
O governador Gavin Newsom, democrata da Califórnia, ameaçou retaliar contra a iniciativa republicana no Texas, conquistando mais cadeiras democratas favoráveis em seu estado. Esse objetivo, no entanto, é dificultado por uma emenda constitucional que exige uma comissão independente para liderar o processo.
O esforço do Texas é inédito?
O Texas já fez isso antes.
Quando o Legislativo não conseguiu chegar a um acordo sobre um plano de redistritamento após o censo de 2000, um tribunal federal interveio com seu próprio mapa.
O republicano Tom DeLay, do Texas, que era então o líder da maioria na Câmara dos Representantes dos EUA, considerou que seu estado deveria ter mais cinco distritos favoráveis ao seu partido. "Sou o líder da maioria e queremos mais cadeiras", disse ele na época.
Os democratas da Câmara Estadual protestaram fugindo para Oklahoma e privando a Assembleia Legislativa de votos suficientes para conduzir oficialmente qualquer assunto. Mas DeLay finalmente conseguiu o que queria, e os republicanos substituíram os democratas em cinco cadeiras em 2004.
Agora, uma grande parcela dos democratas do Texas decidiu seguir o mesmo caminho, indo para Illinois para impedir que o Legislativo estadual tenha quórum suficiente para votar a matéria.
O que os tribunais dizem sobre a prática do 'gerrymandering'?
Em 2019, a Suprema Corte decidiu que os tribunais federais não deveriam se envolver em debates sobre "gerrymandering", a prática de separar distritos para obter ganho partidário. Nessa decisão, o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, disse que o redistritamento é "altamente partidário em qualquer medida".
Mas os tribunais podem exigir novos mapas se acreditarem que os limites do Congresso diluem os votos de uma minoria racial, violando a Lei do Direito ao Voto.
Outros estados poderiam seguir o exemplo?
A deputada de Washington, Suzan DelBene, que lidera o braço de campanha dos democratas da Câmara, indicou em um evento do Christian Science Monitor que, se o Texas seguir adiante com a aprovação de novos mapas, os estados liderados pelos democratas analisarão suas próprias linhas políticas.
“Se seguirem esse caminho, com certeza as pessoas vão reagir em todo o país”, disse DelBene. “Não vamos ficar de braços cruzados enquanto os republicanos tentam minar a voz do povo americano.”
Em Nova York, a governadora democrata Kathy Hochul juntou-se recentemente a Newsom para expressar sua abertura para adotar o redesenho distrital no meio da década. Mas leis estaduais que exigem comissões independentes ou que limitam a capacidade de manipulação eleitoral entrariam em jogo.
Entre os estados liderados pelos republicanos, Ohio poderia tentar expandir ainda mais a vantagem de 10-5 que o Partido Republicano detém na bancada da Câmara; uma peculiaridade na lei estadual exige que Ohio redesenhe seus mapas antes das eleições de meio de mandato de 2026.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, disse que estava considerando um redistritamento antecipado e "trabalhando em como isso seria".
O presidente dos EUA, Donald Trump, propôs um redesenho dos distritos eleitorais no Texas, com o apoio do governador do estado, Greg Abbott. A medida quebra uma tradição de anos, mas, se tiver êxito, pode render alguns assentos a mais para o Partido Republicano.
Ao contrário do Brasil, a disputa das cadeiras de deputado federal ocorre por distrito, e não pelo total de votos recebidos pelos candidatos no estado.
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O redesenho de distritos geralmente ocorre após a contagem populacional realizada uma vez a cada década pelo Departamento do Censo dos EUA ou em resposta a uma decisão judicial.
O precedente aberto pelos republicanos do Texas pode, porém, fazer com que outros estados sigam o exemplo.
O ato de redesenhar os distritos com o objetivo de "quebrar" redutos de um partido e integrá-los a distritos de maioria rival é chamado, no país, de "gerrymandering".
Nesta segunda-feira (4), democratas da Câmara do Texas deixaram o estado para impedir a votação do plano de redesenho de Trump, que provavelmente enviaria mais cinco republicanos para Washington após as eleições de meio de mandato de 2026, dificultando a recuperação da maioria da Casa pelos democratas.
Trump teme que, caso os democratas voltem a ser maioria entre os deputados, o Congresso coloque mais barreiras a seus projetos.
O Texas tem 38 cadeiras na Câmara. Os republicanos agora detêm 25, e os democratas 12, com uma cadeira vaga após a morte de um democrata.
Donald Trump e o governador do Texas, Greg Abbott, dividem púlpito em coletiva de imprensa em 11 de julho de 2025
Kevin Lamarque/Reuters
“Houve muito mais esforços por parte dos partidos e atores políticos para expandir os limites — literal e figurativamente — para reconfigurar o jogo”, disse Doug Spencer, titular da Cátedra Rothgerber Jr. em Direito Constitucional na Universidade do Colorado.
Outros estados estão aguardando para ver o que o Texas fará e se seguirão o exemplo.
Regras vagas e variáveis
As regras de redesenho de distritos podem ser vagas e variáveis; cada estado tem seu próprio conjunto de regras e procedimentos. Os políticos estão avaliando como os eleitores reagirão ao remapeamento com motivação política.
Aqui está o que você precisa saber sobre as regras de redesenho de distritos eleitorais:
Quando o redesenho de distritos normalmente ocorre?
A cada década, o Censo americano coleta dados populacionais usados para dividir as 435 cadeiras da Câmara entre os 50 estados com base na contagem atualizada de habitantes.
Esse é um processo conhecido como redesenho de distritos. Estados que cresceram em relação a outros podem ganhar uma cadeira às custas daqueles cujas populações estagnaram ou diminuíram.
Os estados usam seus próprios procedimentos para traçar linhas para o número atribuído de distritos. Os menores estados recebem apenas um representante, o que significa que todo o estado é um único distrito eleitoral.
Algumas constituições estaduais exigem comissões independentes para definir os limites políticos ou aconselhar o Legislativo. Quando as legislaturas assumem a liderança do processo, os legisladores correm o risco de traçar linhas que acabam sendo contestadas judicialmente, geralmente por violarem a Lei do Direito ao Voto. Os cartógrafos podem ter outra chance de reenviar novos mapas. Às vezes, os juízes desenham os mapas por conta própria.
O redistritamento no meio do ciclo eleitoral é permitido?
Nas primeiras eleições de meio de mandato (as chamadas "midterms") após a última contagem populacional, cada estado já tem seus mapas prontos, mas esses distritos nem sempre se mantêm. Os tribunais podem considerar as linhas traçadas como inconstitucionais.
Não há impedimento nacional para um estado tentar redesenhar distritos no meio da década e fazê-lo por razões políticas, como aumentar a representação do partido no poder.
“As leis sobre redesenho de distritos apenas dizem que é preciso remapeá-los após cada censo”, disse Spencer. “E então algumas legislaturas estaduais foram um pouco espertas e disseram: bem, isso não significa que não podemos fazer isso mais vezes.”
Alguns estados têm leis que impedem o redistritamento no meio do ciclo eleitoral ou dificultam fazê-lo de uma forma que beneficie um partido.
O governador Gavin Newsom, democrata da Califórnia, ameaçou retaliar contra a iniciativa republicana no Texas, conquistando mais cadeiras democratas favoráveis em seu estado. Esse objetivo, no entanto, é dificultado por uma emenda constitucional que exige uma comissão independente para liderar o processo.
O esforço do Texas é inédito?
O Texas já fez isso antes.
Quando o Legislativo não conseguiu chegar a um acordo sobre um plano de redistritamento após o censo de 2000, um tribunal federal interveio com seu próprio mapa.
O republicano Tom DeLay, do Texas, que era então o líder da maioria na Câmara dos Representantes dos EUA, considerou que seu estado deveria ter mais cinco distritos favoráveis ao seu partido. "Sou o líder da maioria e queremos mais cadeiras", disse ele na época.
Os democratas da Câmara Estadual protestaram fugindo para Oklahoma e privando a Assembleia Legislativa de votos suficientes para conduzir oficialmente qualquer assunto. Mas DeLay finalmente conseguiu o que queria, e os republicanos substituíram os democratas em cinco cadeiras em 2004.
Agora, uma grande parcela dos democratas do Texas decidiu seguir o mesmo caminho, indo para Illinois para impedir que o Legislativo estadual tenha quórum suficiente para votar a matéria.
O que os tribunais dizem sobre a prática do 'gerrymandering'?
Em 2019, a Suprema Corte decidiu que os tribunais federais não deveriam se envolver em debates sobre "gerrymandering", a prática de separar distritos para obter ganho partidário. Nessa decisão, o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, disse que o redistritamento é "altamente partidário em qualquer medida".
Mas os tribunais podem exigir novos mapas se acreditarem que os limites do Congresso diluem os votos de uma minoria racial, violando a Lei do Direito ao Voto.
Outros estados poderiam seguir o exemplo?
A deputada de Washington, Suzan DelBene, que lidera o braço de campanha dos democratas da Câmara, indicou em um evento do Christian Science Monitor que, se o Texas seguir adiante com a aprovação de novos mapas, os estados liderados pelos democratas analisarão suas próprias linhas políticas.
“Se seguirem esse caminho, com certeza as pessoas vão reagir em todo o país”, disse DelBene. “Não vamos ficar de braços cruzados enquanto os republicanos tentam minar a voz do povo americano.”
Em Nova York, a governadora democrata Kathy Hochul juntou-se recentemente a Newsom para expressar sua abertura para adotar o redesenho distrital no meio da década. Mas leis estaduais que exigem comissões independentes ou que limitam a capacidade de manipulação eleitoral entrariam em jogo.
Entre os estados liderados pelos republicanos, Ohio poderia tentar expandir ainda mais a vantagem de 10-5 que o Partido Republicano detém na bancada da Câmara; uma peculiaridade na lei estadual exige que Ohio redesenhe seus mapas antes das eleições de meio de mandato de 2026.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, disse que estava considerando um redistritamento antecipado e "trabalhando em como isso seria".
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