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Caso Cláudia Lobo: desaparecimento de ex-secretária da Apae completa um ano em Bauru sem indícios do corpo e emissão do atestado de óbito

Caso Cláudia Lobo: desaparecimento de ex-secretária da Apae completa um ano em Bauru sem indícios do corpo e emissão do atestado de óbito
Desaparecimento de ex-funcionária da Apae completa um ano em Bauru
Reprodução
Cláudia Regina da Rocha Lobo, ex-secretária executiva da Apae de Bauru (SP), desapareceu após sair do trabalho com um envelope em mãos no carro da própria instituição no dia 6 de agosto de 2024.
Sem levar bolsa ou celular e com a justificativa de que precisava sair para ‘resolver algumas coisas do trabalho’, o carro que Claudia dirigia foi encontrado apenas no dia seguinte, abandonado em uma rua do bairro Vila Dutra, com vestígios de sangue.
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O então presidente da instituição, Roberto Franceschetti Filho, foi preso suspeito de envolvimento no caso alguns dias depois. O caso tratado como homicídio e que levou à investigações de desvios milionários na instituição completa um ano nesta quarta-feira (6), sem vestígios do corpo e sem atestado de óbito. O g1 reuniu abaixo as principais informações do caso, confira:
Cláudia está morta?
Para a Polícia Civil, por meio da investigação da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), Cláudia foi morta com um tiro disparado por Roberto ainda no carro da entidade, no dia 6 de agosto.
Imagens de circuito de segurança mostram o momento em que Roberto sai do banco de passageiro e assume a direção do carro da entidade e Cláudia vai para o banco de trás. Para o delegado responsável pelo inquérito que investigou o desaparecimento da funcionária, Cledson Nascimento, foi no momento registrado pela câmera de segurança abaixo que Roberto atirou em Cláudia.
Imagens provam que presidente da Apae de Bauru esteve com funcionária morta
Óculos que pertenciam à Cláudia foram encontrados no local e a polícia também localizou fragmentos de ossos que foram encaminhados para perícia em São Paulo.
O resultado da análise desses fragmentos foi divulgado no dia 19 de dezembro de 2024 e não foi possível confirmar que os restos seriam humanos, já que não foi detectada a concentração mínima de DNA necessária para comprovar sua origem.
Depois disso, ainda segundo as investigações, Roberto acionou o então funcionário do almoxarifado da Apae, Dilomar Batista, que o ajudou a se livrar do corpo. Segundo depoimento de Dilomar, eles queimaram o corpo da secretária em um local que já era usado, de maneira não oficial, para queimar documentos da Apae.
Oficialmente, Cláudia ainda é considerada desaparecida, pois ainda não foi emitido o atestado de óbito. No entanto, o inquérito que apurava o desaparecimento foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu à Justiça a denúncia contra Roberto por homicídio e ocultação de cadáver e contra Dilomar por ocultação de cadáver e fraude processual.
Ex-presidente Roberto Franceschetti Filho e Dilomar Batista são réus no processo que investiga o desaparecimento e assassinato da ex-secretária Cláudia Lobo
Andressa Lara/TV TEM
A Justiça aceitou a denúncia e os dois se tornaram réus no processo. O inquérito foi finalizado no dia 10 de outubro de 2025 e encaminhado ao Ministério Público. No dia 11 de outubro do ano passado, a Justiça decretou a prisão preventiva de Roberto. Ele permanece preso. Dilomar responde aos crimes em liberdade.
As audiências do caso foram realizadas nos dias 15 e 16 de janeiro de 2025 no Fórum de Bauru (SP). À época, Roberto participou remotamente, pois está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande SP. Ele reafirmou sua inocência e optou por permanecer em silêncio em relação as outras perguntas.
Já Dilomar, que responde em liberdade e esteve presente na audiência, confirmou os fatos relacionados à ocultação do corpo da vítima, que já havia confessado à polícia, inclusive, que queimou o corpo de Cláudia.
Em 25 de março, o juiz Fábio Correia Bonini da 4ª Vara Criminal de Bauru, proferiu a decisão de levar os réus ao Júri Popular, que será realizado nos dias 9 e 10 de outubro.
Investigação na Apae
Desvio milionário na Apae de Bauru: Justiça decreta prisão preventiva de nove investigados
Em entrevista à TV TEM, o delegado responsável pela investigação no Seccold, Glauco Stocco, explicou que a suspeita de desvio de verbas na Apae já foi levantada no primeiro depoimento que Roberto prestou, ainda na condição de testemunha do desaparecimento de Cláudia.
Ao ser questionado sobre supostas razões para o sumiço da colega de trabalho, Roberto informou à polícia que Cláudia havia lhe pedido uma ajuda financeira, de cerca de R$ 40 mil, para entregar a uma outra pessoa, e disse que esse dinheiro deveria sair dos cofres da Apae.
Essa informação levou a polícia a desconfiar de retiradas indevidas de recursos da entidade, que foram comprovadas depois, e que a então coordenadora financeira da entidade, Maria Lúcia Miranda, presa também suspeita de participar do esquema, não soube explicar quando convocada a prestar depoimento ainda no inquérito que investigava o sumiço de Cláudia.
A partir daí, o inquérito para apurar supostas irregularidades nas finanças da Apae foi aberto pelo Seccold.
Desvios milionários
Presos suspeitos de desvios milionários na Apae de Bauru
Reprodução/TV TEM
Em uma operação realizada no dia 3 de dezembro de 2024, a polícia prendeu sete pessoas suspeitas de envolvimento nos desvios de recursos da Apae. Foram expedidos nove mandados de prisão contra parentes de Cláudia e também funcionários da Apae e prestadores de serviço para a entidade.
Na operação foram presos a filha, a irmã, o cunhado e o ex-marido de Cláudia - Letícia Lobo, Ellen Siuza Rocha Lobo, Diamantino Passos Campagnucci Júnior e Pérsio de Jesus Prado Júnior; a atual coordenadora financeira da Apae e o coordenador anterior - Maria Lúcia Miranda e Renato Golino - e Renato Tadeu de Campos, que é policial militar aposentado e prestava serviços de segurança para a Apae.
Justiça torna 13 pessoas rés por desvio milionário na Apae de Bauru
No dia seguinte, o empresário Felipe Figueiredo Simões se apresentou com seu advogado na delegacia de Pirajuí (SP) e também foi preso. O nono mandado de prisão foi expedido para Roberto Francischetti, que já estava preso desde o dia 15 de agosto por envolvimento no desaparecimento de Cláudia.
Todos tiveram a prisão temporária convertida em preventiva, mas foram liberados aos longo das investigações. Além das pessoas que chegaram a ser presas, mais quatro pessoas também foram acusadas de participar do esquema e se tornaram rés no processo.
Ao todo são 13 denunciados pelo pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público (MP). A denúncia formal do Gaeco foi aceita pela Justiça no dia 19 de dezembro.
Como o esquema funcionava?
Durante as investigações sobre o desaparecimento de Cláudia, a polícia teve acesso a escutas telefônicas dos ramais de Roberto e Cláudia que indicaram que os dois, assim como outros envolvidos no esquema e que atuavam na Apae, articulavam suas ações abertamente dentro da própria instituição, utilizando os telefones fixos da entidade.
A TV TEM e o g1 tiveram acesso, com exclusividade, a mais de 7 mil gravações dos ramais telefônicos da entidade, feitas a partir de 2020.
Desvio milionário e assassinato: os bastidores de um crime envolvendo a Apae de Bauru
Esse material, além de informações sobre as movimentações financeiras da entidade, revelaram à polícia um esquema organizado e criminoso de desvio de dinheiro envolvendo superfaturamento de contratos, pagamentos a funcionários "fantasmas", emissão de notas frias de serviços não prestados, entre outras irregularidades.
Quanto foi desviado?
Comprovante de depósito de mais de R$ 23 mil feito por Cláudia para Roberto
Reprodução/TV TEM
Durante as investigações, a Polícia Civil identificou movimentações financeiras atípicas ou suspeitas de quase R$ 7 milhões em contas de Roberto e Cláudia, porém, o montante desviado ainda não foi estipulado e segue em apuração.
Desse total, cerca de R$ 5 milhões foram atribuídos a operações comandadas pelo ex-presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, e entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão envolvem movimentações feitas por Cláudia, somando pelo menos R$ 6,8 milhões.
No entanto, os investigadores acreditam que os valores reais podem ser ainda maiores, considerando o longo período de irregularidades.
Também durante as investigações foram apreendidas três máquinas de cartão, todas vinculadas a contas da Apae e duas delas que a entidade sequer tinha conhecimento da existência. Só em uma delas foi identificada uma movimentação de R$ 500 mil para contas da Cláudia e do Roberto.
As últimas atualizações
Apesar de ter sido concluído o inquérito que apurava o desaparecimento de Cláudia e da conclusão de que ela foi assassinada, a defesa de Roberto nega que ele seja o autor do crime e também afirma que a materialidade do crime ainda não foi confirmada, uma vez que indícios do corpo não foram localizados.
Por outro lado, tanto para a polícia quanto para Justiça, que tornou Roberto e Dilomar réus pelos crimes, o homicídio ocorreu. No entanto, a solicitação feita pela filha de Cláudia para emissão do atestado de óbito da mãe ainda não foi realizada e, oficialmente, ela ainda segue desaparecida.
Em relação à investigação de desvios na entidade, as apurações do processo serão feitas pelo Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold). A ação, movida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), pede a condenação dos integrantes do esquema.
A Justiça decretou o bloqueio dos bens dos envolvidos já identificados, assim como a quebra de sigilo bancário deles nos últimos cinco anos. A Apae também abriu uma sindicância interna para apurar as irregularidades na entidade, que segue em andamento.
Além disso, as audiências de instrução para ouvir os 13 réus envolvidos foram marcadas para os dias 17 e 24 de outubro no Fórum da cidade, a partir das 9h, de forma presencial.
Justiça determina prisão preventiva de 9 suspeitos de envolvimento em esquema de desvio milionário na Apae de Bauru
Reprodução/TV TEM
*Sob a supervisão de Mariana Bonora.
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