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7h

Servidor público da CDHU preso por ataques a ônibus em SP ganha R$ 11 mil, usou carro oficial nas ações e dizia querer 'salvar o Brasil'

Servidor público da CDHU preso por ataques a ônibus em SP ganha R$ 11 mil, usou carro oficial nas ações e dizia querer 'salvar o Brasil'
Homem preso por ataques a ônibus em SP é funcionário público
O funcionário público preso por ao menos 17 ataques a ônibus na Grande São Paulo ganhou quase R$ 11 mil líquidos em junho, usou carro oficial nas ações e dizia querer "salvar o Brasil". A própria polícia, no entanto, afirma não acreditar nessa motivação.
Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, é concursado há mais de 30 anos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). A empresa, que é do governo paulista, ainda não se pronunciou sobre o caso.
Ele teve a prisão decretada pela Justiça de São Paulo após ter sido descoberto pela Polícia Civil. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele.
Os investigadores chegaram até o servidor após notar, por meio de imagens de circuitos de segurança, que um carro com a logomarca da CDHU tinha sido visto nos locais de ataques várias vezes na região do ABC Paulista.
Ao checar, os policiais viram que se tratava do carro de uma locadora de veículos que estava cedido à empresa do governo paulista.
A partir daí, localizaram Campolongo, que trabalha como motorista do chefe de gabinete da empresa. Ele constantemente viajava para eventos do governo de São Paulo no interior, com a presença da alta cúpula do Palácio dos Bandeirantes, inclusive do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).
Perfil ativo nas redes sociais
Edson Aparecido Campolongo foi preso nesta terça-feira (22) pelo Deic de São Bernardo do Campo, na Grande SP.
Reprodução/TV Globo
Apesar de ter um perfil discreto e atencioso pessoalmente, nas redes sociais Edson Campolongo tinha atuação ativa e fazia postagens atacando o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Lula (PT), além de defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Funcionários da CDHU ouvidos pelo g1 disseram, sob condição de anonimato, que jamais imaginavam que ele estaria por trás de parte dos mais de 800 ataques a ônibus na cidade.
Na CDHU, o clima é de consternação e incredulidade após a prisão de Edson Campolongo. Todos dizem que foram pegos de surpresa com a prisão do motorista. Os servidores também narram que o chefe de gabinete da CDHU chegou a chorar e teve que ser amparado por colegas ao receber a notícia da polícia sobre a ligação do empregado com tanto tempo de empresa.
O chefe de gabinete chegou a ser ouvido pelo delegado que preside o inquérito dos ataques, mas foi descartada qualquer participação dele nos casos.
A principal suspeita da polícia é que o irmão do motorista, Sérgio Aparecido Campolongo, o tenha auxiliado em ao menos dois ataques.
Sérgio também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas ainda não foi localizado pelos policiais. Ele está sendo procurado.
Na casa de Edson Campolongo, os policiais encontraram pedras e estilingues que teriam sido usados nos ataques.
Na delegacia, o motorista confessou que participou de pelo menos 17 apedrejamento de ônibus na Grande SP e cometeu os atos para protestar contra a situação política do país.
Na casa de Edson, a polícia achou estilingues, pedras e outros materiais que seriam usados em ataques
Divulgação/Polícia Civil
Postagens
Nos últimos dias antes da sua prisão, Edson fez diversas postagens com teor político defendendo que o país precisava “parar" ou iria virar "comunismo”. Em 6 de julho, por exemplo, ele publicou uma caricatura do presidente norte-americano Donald Trump rindo e tentando ligar os ataques à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em entrevista à imprensa na terça, o secretário-executivo de Segurança Pública do estado, Osvaldo Nico, afirmou que Edson contou que a motivação para os crimes seria "consertar o Brasil", mas ele disse não acreditar nesta história.
A suspeita é que Campolongo recrutasse outras pessoas para atuar em ataques semelhantes a ônibus.
"Acredito que ele arregimenta [organiza] outras pessoas para realizar os ataques. Mas ainda estamos no início da investigação", afirmou Nico.
Segundo o delegado seccional de São Bernardo do Campo, Domingos de Paula Neto, o veículo Virtus branco usado por Campolongo - e que estava presente em diversas cenas de ataques - circulava pela cidade de Grande SP diariamente porque é onde mora o chefe de gabinete.
Ele é motorista do chefe de gabinete [do CDHU]. Servia esse chefe há cerca de um ano. Por coincidência, este chefe de gabinete mora em São Bernardo e trabalha em um órgão público no Centro de São Paulo. Todos os dias, esse veículo está em deslocamento de São Bernardo para a capital.
Em junho, ele recebeu remuneração de R$ 10.996,13 líquidos.
Ataques na Grande SP
Ataque a ônibus da Rod. Raposo Tavares
Reprodução/Aconteceu em Cotia
Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) revelaram à TV Globo no dia 16 que, agora, a principal linha de investigação da polícia em relação aos ataques a ônibus na Grande São Paulo é a disputa entre empresas que atuam no ramo do transporte urbano coletivo.
Como pano de fundo, haveria uma disputa pelo poder dentro do sindicato de trabalhadores da categoria que já dura alguns meses e foi até parar na Justiça. A polícia apura se grupos rivais no sindicato possam ter começado esses ataques para prejudicar empresas concorrentes.
A hipótese de que os ataques tenham relação com uma disputa interna de poder ganha força em relação a duas outras linhas de investigação que também vêm sendo consideradas — ligação com o PCC e desafios de internet.
Isso porque as empresas cujos ônibus são atacados sofrem com gastos de manutenção e multas aplicadas pela prefeitura pelo tempo de não circulação dos veículos.
A polícia admite ainda haver um efeito de "contaminação" na depredação dos ônibus — pessoas não ligadas ao setor de transporte urbano coletivo também teriam atacado veículos.
Um dos ataques mais graves foi na Zona Sul, em que uma pedra acertou em cheio o rosto de uma passageira, causando várias fraturas no rosto dela.

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