'Não sobrou nada': moradores relatam desespero após incêndio na maior favela sobre palafitas do Brasil

Moradores atuam no combate a incêndio em comunidade de Santos, SP
Os moradores afetados pelo incêndio na comunidade Caminho São Sebastião, em Santos, no litoral de São Paulo, relatam momentos de desespero após abandonarem seus pertences enquanto as residências eram tomadas pelo fogo. Uma mulher, de 64 anos, morreu no local.
O fogo começou por volta das 7h40 de sexta-feira (1), e se espalhou rapidamente pela comunidade, que faz parte do complexo do Dique da Vila Gilda, a maior favela sobre palafitas do Brasil. As chamas foram controladas por volta das 9h30.
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Após o combate ao incêndio, durante a fase de rescaldo, os bombeiros encontraram o corpo de Sandra Sarmento da Silva, de 64 anos. A idosa era moradora da comunidade e natural de Santos (SP).
O eletricista Robson José Ferreira contou à repórter Yasmin Braga, da TV Tribuna, afiliada da Globo, que teve a casa demolida para os bombeiros conseguirem apagar as chamas ao lado. O fogão e a geladeira foram as únicas coisas que restaram.
"Foi muita correria, gritaria, muitas pessoas chorando, pessoas perdendo aquilo que já não tinham [...] Não tem só pessoas que não prestam na favela. Tem trabalhadores, pessoas que lutam [...] Perdemos muitos barracos, muitas casas, muitas moradias. Inclusive, a minha. A minha não sobrou nada", afirmou o morador. "O nosso sentimento é de impotência porque a gente fica olhando".
A aposentada Gisela Silva contou que o fogo foi a primeira coisa que viu quando acordou na manhã de sexta-feira (1). "Só deu tempo de salvar o documento e sair fora", lembrou a mulher que, apesar do susto, não teve a moradia atingida pelo incêndio.
"[É uma] tristeza porque o pouco que você consegue com honestidade, você vê tudo queimado. Tem gente aqui que não tem [mais] nada, nem roupa, nem casa. Queimou tudo", lamentou Gisela. "Já aconteceu várias vezes de queimar tudo, de pessoas morrerem. É promessa em cima de promessa e a gente nunca sai daqui. É um susto atrás do outro", acrescentou a moradora.
Entenda como é a vida de quem mora na maior favela sobre palafitas
Moradores atingidos por incêndio no Caminho São Sebastião, em Santos, SP
Abner Reis/TV Tribuna
Incêndio
Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, 46 agentes e quinze viaturas foram mobilizados para combater o incêndio. A operação ocorreu em três frentes de combate, cobrindo uma área de 3 mil m².
Devido à dificuldade de acesso à comunidade, as chamas se alastraram rapidamente. "Nós não tivemos dificuldade com água, tivemos um apoio grande da Sabesp e as nossas viaturas das cidades vizinhas, que já é um procedimento do Corpo de Bombeiros, não é só bombeiro da cidade de Santos que está aqui atuando. Tem bombeiro de Cubatão, de São Vicente e das cidades vizinhas", apontou Duarte.
Com o apoio dos moradores, as equipes conseguiram controlar o fogo. Em meio a chamas, muitos moradores correram para pegar documentos, móveis e eletrodomésticos, como fogões e geladeiras, das moradias que estão sendo atingidas.
Veja como ajudar as vítimas do incêndio no Caminho São Sebastião
Incêndio atinge moradias em comunidade da maior favela sobre palafitas do Brasil
Idosa morta
O capitão do Corpo de Bombeiros, Thiago Pinheiro Duarte, informou à repórter Yasmin Braga, da TV Tribuna, afiliada da Globo, que Sandra havia sido retirada de casa, mas decidiu voltar para pegar seus pertences, mesmo com o fogo já se espalhando.
No fim do combate ao incêndio, durante a fase de rescaldo, os bombeiros encontraram um corpo, que era da moradora. A perícia já foi acionada para fazer os procedimentos no local.
Sandra Sarmento da Silva morreu em incêndio na Zona Noroeste de Santos, SP
Reprodução e Abner Reis/TV Tribuna
O que são palafitas?
As palafitas feitas de estacas de madeira utilizadas para sustentar moradias construídas sobre a água. A maioria das habitações do aglomerado foram feitas do mesmo material, o que oferece os seguintes riscos aos moradores:
Maré: A instabilidade causada pela maré alta do rio causa avarias nas moradias. O mesmo fator também atrapalha a locomoção dos munícipes, já que as ruas são ligadas por tábuas de madeira e outros materiais improvisados.
Fogo: Infelizmente, os incêndios também são ocorrências comuns no dique.
O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 apontou que 3,5 mil famílias vivem no Dique da Vila Gilda, localizado às margens do Rio dos Bugres, na Zona Noroeste da cidade.
Mapa da área afetada pelo incêndio na comunidade Caminho São Sebastião
Arte g1
Governador de SP
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou que o estado vai abrigar todas as famílias que perderam suas moradias por conta do incêndio.
Ainda de acordo com o governador, o estado de São Paulo autorizou na sexta-feira (1) a construção de 416 apartamentos em dois conjuntos habitacionais na Baixada Santista, sendo 216 unidades no Residencial Iguape, em Santos, e 200 unidades no Residencial Vicentino II, em São Vicente.
Apoio aos moradores
O prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), informou que a cidade já iniciou o cadastramento das famílias que perderam suas moradias no incêndio no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Rádio Clube, na Rua Brigadeiro Faria Lima, 677.
"Também (vamos) priorizar as pessoas em termos de abrigamento (checando) a disponibilidade de escolas para abrigo. (Para) as pessoas que não têm familiares e queiram ir para o abrigo", declarou o prefeito, após conversa com o governador Tarcísio, que colocou a Secretaria de Habitação e a Defesa Civil à disposição para apoiar os trabalhos.
O Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil Estadual veio a Santos para prestar apoio aos trabalhos e oferecer ajuda humanitária. As equipes vão entregar kits de higiene, de limpeza e cesta básica para atender as famílias na Rua Brigadeiro Faria Lima, 677.
Incêndio atinge moradias nas palafitas em Santos, SP
Daniela Rucio/TV Tribuna
Abrigo
Por meio de nota, a Prefeitura de Santos informou que o acolhimento emergencial será realizado no Complexo Esportivo da Zona Noroeste, na Rua Fausto Felício Bruzarosco, 8-120, no bairro Castelo. A Unidade Municipal Educacional (UME) Professor Pedro Crescenti, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, s/nº, no bairro Rádio Clube, ficará de sobreaviso caso haja necessidade.
Alimentação
O Bom Prato está com 500 refeições reservadas para atendimento emergencial. Além disso, a prefeitura informou que 60 cestas básicas foram reservadas para garantir a retaguarda inicial das famílias afetadas.
Saúde
Um posto de atendimento foi montado no local com quatro ambulâncias e quatro motolâncias. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o Complexo Hospitalar da Zona Noroeste estão de prontidão para atender as vítimas.
Onde doar?
Incêndio de grandes proporções atingiu comunidade na Zona Noroeste de Santos
A prefeitura disponibilizou o Fundo Social de Solidariedade de Santos, na Avenida Conselheiro Nébias, 388, no bairro Encruzilhada, e o Centro Esportivo da Zona Noroeste, na Rua Fausto Felício Brusaroscos/nº, no bairro Castelo, como ponto de doações de roupas, alimentos não perecíveis e água potável.
O Instituto Arte no Dique e o Cine Roxy 5 informaram que também estão funcionando como pontos de arrecadação às famílias afetadas. De acordo com as instituições, os itens mais urgentes são alimentos não perecíveis, produtos de higiene pessoal, cobertores e lençóis.
A sede do Instituto Arte no Dique, localizada na Rua Brigadeiro Faria Lima, 1349, no Jardim Rádio Clube, está recebendo doações todos os dias, das 8h às 22h. No Cine Roxy 5, na Avenida Ana Costa, 443, no bairro Gonzaga, os itens podem ser entregues diariamente na bilheteria, das 15h às 20h.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
Os moradores afetados pelo incêndio na comunidade Caminho São Sebastião, em Santos, no litoral de São Paulo, relatam momentos de desespero após abandonarem seus pertences enquanto as residências eram tomadas pelo fogo. Uma mulher, de 64 anos, morreu no local.
O fogo começou por volta das 7h40 de sexta-feira (1), e se espalhou rapidamente pela comunidade, que faz parte do complexo do Dique da Vila Gilda, a maior favela sobre palafitas do Brasil. As chamas foram controladas por volta das 9h30.
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Após o combate ao incêndio, durante a fase de rescaldo, os bombeiros encontraram o corpo de Sandra Sarmento da Silva, de 64 anos. A idosa era moradora da comunidade e natural de Santos (SP).
O eletricista Robson José Ferreira contou à repórter Yasmin Braga, da TV Tribuna, afiliada da Globo, que teve a casa demolida para os bombeiros conseguirem apagar as chamas ao lado. O fogão e a geladeira foram as únicas coisas que restaram.
"Foi muita correria, gritaria, muitas pessoas chorando, pessoas perdendo aquilo que já não tinham [...] Não tem só pessoas que não prestam na favela. Tem trabalhadores, pessoas que lutam [...] Perdemos muitos barracos, muitas casas, muitas moradias. Inclusive, a minha. A minha não sobrou nada", afirmou o morador. "O nosso sentimento é de impotência porque a gente fica olhando".
A aposentada Gisela Silva contou que o fogo foi a primeira coisa que viu quando acordou na manhã de sexta-feira (1). "Só deu tempo de salvar o documento e sair fora", lembrou a mulher que, apesar do susto, não teve a moradia atingida pelo incêndio.
"[É uma] tristeza porque o pouco que você consegue com honestidade, você vê tudo queimado. Tem gente aqui que não tem [mais] nada, nem roupa, nem casa. Queimou tudo", lamentou Gisela. "Já aconteceu várias vezes de queimar tudo, de pessoas morrerem. É promessa em cima de promessa e a gente nunca sai daqui. É um susto atrás do outro", acrescentou a moradora.
Entenda como é a vida de quem mora na maior favela sobre palafitas
Moradores atingidos por incêndio no Caminho São Sebastião, em Santos, SP
Abner Reis/TV Tribuna
Incêndio
Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, 46 agentes e quinze viaturas foram mobilizados para combater o incêndio. A operação ocorreu em três frentes de combate, cobrindo uma área de 3 mil m².
Devido à dificuldade de acesso à comunidade, as chamas se alastraram rapidamente. "Nós não tivemos dificuldade com água, tivemos um apoio grande da Sabesp e as nossas viaturas das cidades vizinhas, que já é um procedimento do Corpo de Bombeiros, não é só bombeiro da cidade de Santos que está aqui atuando. Tem bombeiro de Cubatão, de São Vicente e das cidades vizinhas", apontou Duarte.
Com o apoio dos moradores, as equipes conseguiram controlar o fogo. Em meio a chamas, muitos moradores correram para pegar documentos, móveis e eletrodomésticos, como fogões e geladeiras, das moradias que estão sendo atingidas.
Veja como ajudar as vítimas do incêndio no Caminho São Sebastião
Incêndio atinge moradias em comunidade da maior favela sobre palafitas do Brasil
Idosa morta
O capitão do Corpo de Bombeiros, Thiago Pinheiro Duarte, informou à repórter Yasmin Braga, da TV Tribuna, afiliada da Globo, que Sandra havia sido retirada de casa, mas decidiu voltar para pegar seus pertences, mesmo com o fogo já se espalhando.
No fim do combate ao incêndio, durante a fase de rescaldo, os bombeiros encontraram um corpo, que era da moradora. A perícia já foi acionada para fazer os procedimentos no local.
Sandra Sarmento da Silva morreu em incêndio na Zona Noroeste de Santos, SP
Reprodução e Abner Reis/TV Tribuna
O que são palafitas?
As palafitas feitas de estacas de madeira utilizadas para sustentar moradias construídas sobre a água. A maioria das habitações do aglomerado foram feitas do mesmo material, o que oferece os seguintes riscos aos moradores:
Maré: A instabilidade causada pela maré alta do rio causa avarias nas moradias. O mesmo fator também atrapalha a locomoção dos munícipes, já que as ruas são ligadas por tábuas de madeira e outros materiais improvisados.
Fogo: Infelizmente, os incêndios também são ocorrências comuns no dique.
O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 apontou que 3,5 mil famílias vivem no Dique da Vila Gilda, localizado às margens do Rio dos Bugres, na Zona Noroeste da cidade.
Mapa da área afetada pelo incêndio na comunidade Caminho São Sebastião
Arte g1
Governador de SP
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou que o estado vai abrigar todas as famílias que perderam suas moradias por conta do incêndio.
Ainda de acordo com o governador, o estado de São Paulo autorizou na sexta-feira (1) a construção de 416 apartamentos em dois conjuntos habitacionais na Baixada Santista, sendo 216 unidades no Residencial Iguape, em Santos, e 200 unidades no Residencial Vicentino II, em São Vicente.
Apoio aos moradores
O prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), informou que a cidade já iniciou o cadastramento das famílias que perderam suas moradias no incêndio no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Rádio Clube, na Rua Brigadeiro Faria Lima, 677.
"Também (vamos) priorizar as pessoas em termos de abrigamento (checando) a disponibilidade de escolas para abrigo. (Para) as pessoas que não têm familiares e queiram ir para o abrigo", declarou o prefeito, após conversa com o governador Tarcísio, que colocou a Secretaria de Habitação e a Defesa Civil à disposição para apoiar os trabalhos.
O Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil Estadual veio a Santos para prestar apoio aos trabalhos e oferecer ajuda humanitária. As equipes vão entregar kits de higiene, de limpeza e cesta básica para atender as famílias na Rua Brigadeiro Faria Lima, 677.
Incêndio atinge moradias nas palafitas em Santos, SP
Daniela Rucio/TV Tribuna
Abrigo
Por meio de nota, a Prefeitura de Santos informou que o acolhimento emergencial será realizado no Complexo Esportivo da Zona Noroeste, na Rua Fausto Felício Bruzarosco, 8-120, no bairro Castelo. A Unidade Municipal Educacional (UME) Professor Pedro Crescenti, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, s/nº, no bairro Rádio Clube, ficará de sobreaviso caso haja necessidade.
Alimentação
O Bom Prato está com 500 refeições reservadas para atendimento emergencial. Além disso, a prefeitura informou que 60 cestas básicas foram reservadas para garantir a retaguarda inicial das famílias afetadas.
Saúde
Um posto de atendimento foi montado no local com quatro ambulâncias e quatro motolâncias. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o Complexo Hospitalar da Zona Noroeste estão de prontidão para atender as vítimas.
Onde doar?
Incêndio de grandes proporções atingiu comunidade na Zona Noroeste de Santos
A prefeitura disponibilizou o Fundo Social de Solidariedade de Santos, na Avenida Conselheiro Nébias, 388, no bairro Encruzilhada, e o Centro Esportivo da Zona Noroeste, na Rua Fausto Felício Brusaroscos/nº, no bairro Castelo, como ponto de doações de roupas, alimentos não perecíveis e água potável.
O Instituto Arte no Dique e o Cine Roxy 5 informaram que também estão funcionando como pontos de arrecadação às famílias afetadas. De acordo com as instituições, os itens mais urgentes são alimentos não perecíveis, produtos de higiene pessoal, cobertores e lençóis.
A sede do Instituto Arte no Dique, localizada na Rua Brigadeiro Faria Lima, 1349, no Jardim Rádio Clube, está recebendo doações todos os dias, das 8h às 22h. No Cine Roxy 5, na Avenida Ana Costa, 443, no bairro Gonzaga, os itens podem ser entregues diariamente na bilheteria, das 15h às 20h.
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