Lagosta-boxeadora que ataca com golpes de até 80 km/h é comestível e sem restrição para pesca

Lagosta-boxeadora é flagrada no litoral de SP
A lagosta-boxeadora (Odontodactylus scyllarus) é conhecida por possuir o golpe mais potente do mundo animal, capaz de atingir uma velocidade superior a 80 km/h, mas pode ser consumida e comercializada no Brasil. O animal gerou repercussão após atacar um turista em Peruíbe, no litoral de São Paulo (assista acima).
O crustáceo, no entanto, não possui valor comercial devido à baixa procura em comparação aos demais, como a lagosta (Palinurus elephas), cujo preço pode chegar a R$ 100,00 por quilo.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ela não consta na lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Sendo assim, a pesca ou coleta não é proibida por norma federal específica.
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Ao g1, o biólogo marinho Alex Ribeiro e o pesquisador Ronaldo Christofoletti explicaram que o animal não possui valor agregado no comércio de pescado devido à baixa procura para consumo. De acordo com Ribeiro, o fato também se dá pela dificuldade da captura.
“A Tamburutaca [como também é conhecida] não existe uma pesca direcionada; ela vem agregada a alguns animais que são capturados, vindo de uma rede de arrasto”, disse o biólogo.
Ao contrário de outros crustáceos, segundo Christofoletti, essa espécie não entra no período de defeso (proibição da pesca), uma vez que poucas pessoas a procuram para consumo, o que não gera risco em sua reprodução.
“O defeso é uma regulamentação para se garantir que, principalmente, espécies que têm ciclo reprodutivo mais concentrado em uma determinada época do ano, não tenham nenhum impacto [para manter sua população]", disse o pesquisador.
Lagosta-boxeadora que desfere golpes com aceleração comparável ao de arma calibre 22 foi flagrada em Peruíbe (SP)
Rafael Marchezetti Correia
De acordo com o Ibama, por não haver período de defeso ou restrição legal aplicada diretamente ao camarão-louva-a-deus-palhaço [conhecido como lagosta-boxeadora], não há impedimentos para sua coleta ou comercialização, desde que respeitadas as leis ambientais gerais.
“No entanto, o Ibama reforça que qualquer captura de espécies marinhas deve respeitar a legislação vigente, incluindo regras de boas práticas ambientais, normas sanitárias e autorizações específicas em caso de pesquisa científica ou comércio ornamental”, destacou o instituto, em nota.
Consumo
Ribeiro e Christofoletti explicaram ao g1 que o consumo do animal não é comum, mas há registros no país. “Ele é consumido mais por pescadores, comunidades caiçaras que têm um conhecimento do animal”, pontuou o biólogo.
Christofoletti também revelou que há espécies “primas” da lagosta-boxeadora que são consumidas em países da Ásia. “Existem registros de consumo humano no mundo, mas não é uma espécie de pescado comumente consumida”, contou ele.
O pesquisador destacou, porém, que não há nenhuma restrição sobre o seu consumo. “Até por ser um crustáceo, um primo muito claro do caranguejo, da lagosta e dos camarões, a carne teria o mesmo potencial nutritivo”.
Vídeo mostra lagosta-boxeadora golpeando turista no litoral de SP
Rafael Marchezetti Correia
O comerciante Augusto Viudes, proprietário do box Dom Augusto Pescados há mais de 40 anos no Mercado de Peixes de Santos (SP), contou que atualmente a espécie não é comercializada pois não há interesse da população sobre a espécie.
Ele pontuou que na década de 1980, porém, exemplares foram comercializados após serem capturados em pescas com outros crustáceos. “Como vinha misturado, comercializava misturado como se fosse um lagostim [espécies menores de crustáceos]”, contou.
Viralizou
Uma lagosta-boxeadora (Odontodactylus scyllarus) foi encontrada pelo turista Rafael Marchezetti na praia do Guaraú, em Peruíbe. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o animal desfere um ‘soco’ no homem após ser manuseado
Especialistas ouvidos pelo g1 revelaram que o golpe foi utilizado como um mecanismo de defesa, e que o movimento é uma estratégia usada pelo animal para atordoar suas presas, como moluscos, crustáceos e até mesmo peixes.
Lagosta-boxeadora que desfere golpes com aceleração comparável ao de arma calibre 22 é flagrada em Peruíbe (SP)
Rafael Marchezetti Correia
O animal foi encontrado por Rafael na praia do Guaraú, no mês de maio, mas imagens se tornaram virais nas redes sociais na última semana. No vídeo, o animal surpreende o turista após desferir um golpe contra ele - que pode chegar a mais de 80 km/h (veja mais acima).
Ao g1, os biólogos marinhos Alex Ribeiro e William Rodriguez Schepis disseram que a espécie é solitária e costuma ficar à espreita das presas em costões rochosos para surpreender com o golpe.
“Não é um animal agressivo, não tem nenhum problema com interação. Geralmente, se ele vê algum organismo maior, como os seres humanos, ele se afasta”, disse William.
Ataques são incomuns
Os biólogos disseram que a reprodução do movimento contra Rafael foi realizada numa tentativa de se desvencilhar do manuseio do turista. William ainda pontuou que é incomum a ocorrência de ataques contra seres humanos.
“O animal deve ter se sentido ameaçado por conta de ter sido manuseado. Ele pode ter preferido aquele golpe numa tentativa de se soltar da mão da pessoa ou se defender, para que ela consiga se livrar daquilo”, conta Alex.
Potência do golpe
Segundo os especialistas, o animal é conhecido por possuir o golpe mais potente do mundo animal, capaz de atingir uma velocidade superior a 80 km/h.
De acordo com Alex, a potência se mantém mesmo com o animal estando fora d’água. No entanto, William pontuou que essa reação do animal não causa ferimentos graves em seres humanos. “É mais para assustar”, disse.
Os biólogos pontuaram que o golpe permite que o animal quebre conchas de crustáceos, que são predador pela espécie, assim como caranguejos, camarões menores, lagostas e até mesmo peixes.
Boa visão
Em seu habitat, Alex contou que a espécie costuma cavar tocas a partir dos 10m de profundidade para realizar a caça. Isso ocorre, segundo ele, pelo alto desenvolvimento da visão do animal, que é capaz de identificar até mesmo intensidades ultravioleta.
Pouca aparição
Alex revelou que a espécie é comum de ser encontrada entre os litorais do nordeste e sudeste, mas não na faixa de areia. No caso em questão, ele pontuou que o animal pode ter sido levado pela água ou até mesmo por uma rede de pesca, e acabou sendo descartado.
William e Alex ressaltaram que, ao notar a presença do animal, a recomendação é que os banhistas não façam nenhuma manipulação. “Se for fazer, não fazer com a mão, e sim pegar alguma estrutura que auxilie a pessoa a remover sem ferir o animal”, explica William.
“O ideal é não manipular, não manusear. Ele pode ter alguma espícula que possa transferir veneno, ou algum instrumento de defesa”, destaca Alex.
Entenda o caso
Um camarão-louva-a-deus-palhaço (Odontodactylus scyllarus), também conhecido como lagosta-boxeadora, foi filmado por Rafael Marchezetti Correia na praia do Guaraú, em Peruíbe, no litoral de São Paulo.
"Gente, olha só, isso aqui eu acho que é um lagostim ou uma lagosta. Vocês sabem o que é? Se eu posso mexer mesmo, colocar lá na água?", disse Correia, que em seguida levou um susto com o golpe do animal.
Ao g1, ele afirmou que não ficou ferido. Correia contou que mora na capital paulista, mas tem parentes em Peruíbe, onde o vídeo foi gravado por ele em maio deste ano. O conteúdo foi compartilhado depois nas redes sociais e passou a repercutir nas últimas semanas.
"Fiquei na dúvida entre camarão-pistola ou lagosta-boxeadora", falou Correia. Ele disse que, após encontrar o animal, tentou identificá-lo com a ajuda de inteligência artificial (IA) e com uma amiga formada em biologia.
O turista contou que essa foi a primeira vez que viu o crustáceo. "É um animal incrível, sensacional. Foi um presente ter a chance de ver pessoalmente".
"Senti a força dela [lagosta]. É um animal com a força bem maior do que parece, como se fosse um animal grande", afirmou ele.O homem contou que optou por devolver o animal ao mar para protegê-lo de eventuais predadores na faixa de areia em Peruíbe.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
A lagosta-boxeadora (Odontodactylus scyllarus) é conhecida por possuir o golpe mais potente do mundo animal, capaz de atingir uma velocidade superior a 80 km/h, mas pode ser consumida e comercializada no Brasil. O animal gerou repercussão após atacar um turista em Peruíbe, no litoral de São Paulo (assista acima).
O crustáceo, no entanto, não possui valor comercial devido à baixa procura em comparação aos demais, como a lagosta (Palinurus elephas), cujo preço pode chegar a R$ 100,00 por quilo.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ela não consta na lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Sendo assim, a pesca ou coleta não é proibida por norma federal específica.
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Ao g1, o biólogo marinho Alex Ribeiro e o pesquisador Ronaldo Christofoletti explicaram que o animal não possui valor agregado no comércio de pescado devido à baixa procura para consumo. De acordo com Ribeiro, o fato também se dá pela dificuldade da captura.
“A Tamburutaca [como também é conhecida] não existe uma pesca direcionada; ela vem agregada a alguns animais que são capturados, vindo de uma rede de arrasto”, disse o biólogo.
Ao contrário de outros crustáceos, segundo Christofoletti, essa espécie não entra no período de defeso (proibição da pesca), uma vez que poucas pessoas a procuram para consumo, o que não gera risco em sua reprodução.
“O defeso é uma regulamentação para se garantir que, principalmente, espécies que têm ciclo reprodutivo mais concentrado em uma determinada época do ano, não tenham nenhum impacto [para manter sua população]", disse o pesquisador.
Lagosta-boxeadora que desfere golpes com aceleração comparável ao de arma calibre 22 foi flagrada em Peruíbe (SP)
Rafael Marchezetti Correia
De acordo com o Ibama, por não haver período de defeso ou restrição legal aplicada diretamente ao camarão-louva-a-deus-palhaço [conhecido como lagosta-boxeadora], não há impedimentos para sua coleta ou comercialização, desde que respeitadas as leis ambientais gerais.
“No entanto, o Ibama reforça que qualquer captura de espécies marinhas deve respeitar a legislação vigente, incluindo regras de boas práticas ambientais, normas sanitárias e autorizações específicas em caso de pesquisa científica ou comércio ornamental”, destacou o instituto, em nota.
Consumo
Ribeiro e Christofoletti explicaram ao g1 que o consumo do animal não é comum, mas há registros no país. “Ele é consumido mais por pescadores, comunidades caiçaras que têm um conhecimento do animal”, pontuou o biólogo.
Christofoletti também revelou que há espécies “primas” da lagosta-boxeadora que são consumidas em países da Ásia. “Existem registros de consumo humano no mundo, mas não é uma espécie de pescado comumente consumida”, contou ele.
O pesquisador destacou, porém, que não há nenhuma restrição sobre o seu consumo. “Até por ser um crustáceo, um primo muito claro do caranguejo, da lagosta e dos camarões, a carne teria o mesmo potencial nutritivo”.
Vídeo mostra lagosta-boxeadora golpeando turista no litoral de SP
Rafael Marchezetti Correia
O comerciante Augusto Viudes, proprietário do box Dom Augusto Pescados há mais de 40 anos no Mercado de Peixes de Santos (SP), contou que atualmente a espécie não é comercializada pois não há interesse da população sobre a espécie.
Ele pontuou que na década de 1980, porém, exemplares foram comercializados após serem capturados em pescas com outros crustáceos. “Como vinha misturado, comercializava misturado como se fosse um lagostim [espécies menores de crustáceos]”, contou.
Viralizou
Uma lagosta-boxeadora (Odontodactylus scyllarus) foi encontrada pelo turista Rafael Marchezetti na praia do Guaraú, em Peruíbe. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o animal desfere um ‘soco’ no homem após ser manuseado
Especialistas ouvidos pelo g1 revelaram que o golpe foi utilizado como um mecanismo de defesa, e que o movimento é uma estratégia usada pelo animal para atordoar suas presas, como moluscos, crustáceos e até mesmo peixes.
Lagosta-boxeadora que desfere golpes com aceleração comparável ao de arma calibre 22 é flagrada em Peruíbe (SP)
Rafael Marchezetti Correia
O animal foi encontrado por Rafael na praia do Guaraú, no mês de maio, mas imagens se tornaram virais nas redes sociais na última semana. No vídeo, o animal surpreende o turista após desferir um golpe contra ele - que pode chegar a mais de 80 km/h (veja mais acima).
Ao g1, os biólogos marinhos Alex Ribeiro e William Rodriguez Schepis disseram que a espécie é solitária e costuma ficar à espreita das presas em costões rochosos para surpreender com o golpe.
“Não é um animal agressivo, não tem nenhum problema com interação. Geralmente, se ele vê algum organismo maior, como os seres humanos, ele se afasta”, disse William.
Ataques são incomuns
Os biólogos disseram que a reprodução do movimento contra Rafael foi realizada numa tentativa de se desvencilhar do manuseio do turista. William ainda pontuou que é incomum a ocorrência de ataques contra seres humanos.
“O animal deve ter se sentido ameaçado por conta de ter sido manuseado. Ele pode ter preferido aquele golpe numa tentativa de se soltar da mão da pessoa ou se defender, para que ela consiga se livrar daquilo”, conta Alex.
Potência do golpe
Segundo os especialistas, o animal é conhecido por possuir o golpe mais potente do mundo animal, capaz de atingir uma velocidade superior a 80 km/h.
De acordo com Alex, a potência se mantém mesmo com o animal estando fora d’água. No entanto, William pontuou que essa reação do animal não causa ferimentos graves em seres humanos. “É mais para assustar”, disse.
Os biólogos pontuaram que o golpe permite que o animal quebre conchas de crustáceos, que são predador pela espécie, assim como caranguejos, camarões menores, lagostas e até mesmo peixes.
Boa visão
Em seu habitat, Alex contou que a espécie costuma cavar tocas a partir dos 10m de profundidade para realizar a caça. Isso ocorre, segundo ele, pelo alto desenvolvimento da visão do animal, que é capaz de identificar até mesmo intensidades ultravioleta.
Pouca aparição
Alex revelou que a espécie é comum de ser encontrada entre os litorais do nordeste e sudeste, mas não na faixa de areia. No caso em questão, ele pontuou que o animal pode ter sido levado pela água ou até mesmo por uma rede de pesca, e acabou sendo descartado.
William e Alex ressaltaram que, ao notar a presença do animal, a recomendação é que os banhistas não façam nenhuma manipulação. “Se for fazer, não fazer com a mão, e sim pegar alguma estrutura que auxilie a pessoa a remover sem ferir o animal”, explica William.
“O ideal é não manipular, não manusear. Ele pode ter alguma espícula que possa transferir veneno, ou algum instrumento de defesa”, destaca Alex.
Entenda o caso
Um camarão-louva-a-deus-palhaço (Odontodactylus scyllarus), também conhecido como lagosta-boxeadora, foi filmado por Rafael Marchezetti Correia na praia do Guaraú, em Peruíbe, no litoral de São Paulo.
"Gente, olha só, isso aqui eu acho que é um lagostim ou uma lagosta. Vocês sabem o que é? Se eu posso mexer mesmo, colocar lá na água?", disse Correia, que em seguida levou um susto com o golpe do animal.
Ao g1, ele afirmou que não ficou ferido. Correia contou que mora na capital paulista, mas tem parentes em Peruíbe, onde o vídeo foi gravado por ele em maio deste ano. O conteúdo foi compartilhado depois nas redes sociais e passou a repercutir nas últimas semanas.
"Fiquei na dúvida entre camarão-pistola ou lagosta-boxeadora", falou Correia. Ele disse que, após encontrar o animal, tentou identificá-lo com a ajuda de inteligência artificial (IA) e com uma amiga formada em biologia.
O turista contou que essa foi a primeira vez que viu o crustáceo. "É um animal incrível, sensacional. Foi um presente ter a chance de ver pessoalmente".
"Senti a força dela [lagosta]. É um animal com a força bem maior do que parece, como se fosse um animal grande", afirmou ele.O homem contou que optou por devolver o animal ao mar para protegê-lo de eventuais predadores na faixa de areia em Peruíbe.
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