Rússia aposta em nova criptomoeda para contornar sanções dos EUA, dizem especialistas

Donald Trump, presidente dos EUA, e Vladimir Putin, presidente da Rússia.
AP Photo
Para escapar das sanções ocidentais devido à guerra na Ucrânia, a Rússia aposta na A7A5, uma criptomoeda respaldada pelo rublo, menos monitorada do que as suas equivalentes em dólares. Segundo especialistas afirmaram à AFP, a novidade cria um circuito financeiro paralelo muito eficaz.
O lançamento da nova criptomoeda acontece dias depois do presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçar a Rússia e parceiros comerciais com "tarifas severas" de 100%, caso não haja um cessar-fogo com a Ucrânia até o começo de setembro.
Lançada em fevereiro por um oligarca moldavo pró-russo fugitivo e por um banco público russo, a criptomoeda A7A5 visa oferecer um canal de pagamento alternativo para empresas e indivíduos russos que negociam com o exterior. É o que explica um relatório da ONG britânica Centre for Information Resilience (CIR) publicado em junho.
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Trata-se de uma criptomoeda estável, ou seja, um tipo de ativo digital criado para replicar o valor de uma moeda tradicional.
Neste caso, é a "primeira criptomoeda estável indexada ao rublo", explicou à AFP George Voloshin, da Acams, um grupo de combate à lavagem de dinheiro.
Embora o uso da A7A5 seja atualmente "marginal", o pesquisador vê nela um "desenvolvimento importante" que demonstra que a Rússia "busca adquirir certa autonomia em relação aos grandes atores das criptomoedas".
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Carteiras virtuais bloqueadas
Desde a anexação da Crimeia em 2014, a Rússia foi excluída do sistema internacional de pagamentos Swift, teve ativos de grandes bancos congelados e alguns investimentos estrangeiros proibidos. Essas foram algumas das sanções impostas pelos EUA. Com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, essas penalidades foram endurecidas.
Entidades ligadas à Rússia foram apontadas por especialistas por terem recorrido às criptomoedas, particularmente às criptomoedas estáveis, para evitar essas medidas.
Usuários da internet também enviaram diretamente doações em criptomoedas tanto para o Exército ucraniano quanto para milícias russas, demonstraram várias empresas de análise, como a Elliptic.
Mas o problema para Moscou é que a USDT, a criptomoeda estável mais utilizada, lastreada no dólar, é emitida e "controlada pela Tether, que colabora com os governos ocidentais", explica Elise Thomas, que investigou a A7A5 para o CIR.
Em março, a Tether bloqueou carteiras virtuais que continham o equivalente a 28 milhões de dólares (155 milhões de reais) em USDT armazenadas na principal plataforma russa de intercâmbio de criptomoedas, a Garantex.
Esta última foi fechada em seguida por uma ação conjunta das autoridades americanas e de vários países europeus que a sancionaram por facilitar transações associadas a atores ilícitos, como grupos de hackers.
Este episódio "foi um verdadeiro ponto de inflexão" para as autoridades russas e "fez com que entendessem que precisavam de sua própria criptomoeda estável sob seu controle", indicou Thomas.
Nas semanas anteriores ao fechamento da Garantex, dezenas de milhões de dólares em fundos ali mantidos em USDT foram transferidos para a A7A5, observou a empresa de análise Global Ledger.
Influência na Moldávia
O valor desta criptomoeda é garantido por depósitos no banco Promsvyazbank, sancionado por seus vínculos com o governo russo e o Exército.
Mas ela está registrada no Quirguistão e é negociada na plataforma Grinex, também sediada neste país. O Quirguistão fez parte do bloco soviético, mas possui um "quadro legal favorável, menos sujeito a sanções e outras pressões econômicas" do que a Rússia, reconheceu Leonid Shumakov, diretor do projeto A7A5, em uma entrevista divulgada na Internet.
Em menos de seis meses, cerca de 150 milhões de dólares (831 milhões de reais) foram acumulados nesta plataforma, segundo dados da CoinMarketCap.
Mas essas transações não são necessariamente ilegais, ponderou Voloshin, da Acams, a menos que as entidades envolvidas estejam "sancionadas e tentem se conectar ao sistema financeiro global".
O acionista majoritário do grupo A7, responsável pelo desenvolvimento desta criptomoeda, é o empresário e político moldavo Ilan Shor, que vive na Rússia.
As investigações do CIR sugerem as ligações entre a A7A5 e as operações de influência política de Shor na Moldávia, incluindo sites associados a essas duas atividades que compartilham o mesmo endereço IP.
Sua empresa foi sancionada nos últimos meses pelo Reino Unido e, em seguida, pela União Europeia, que apontou os "múltiplos vínculos com Moscou" do grupo A7, e o fato de que "tem estado associado a esforços para influenciar as eleições" na Moldávia.
A equipe da A7A5 não respondeu imediatamente às consultas da AFP.
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AP Photo
Para escapar das sanções ocidentais devido à guerra na Ucrânia, a Rússia aposta na A7A5, uma criptomoeda respaldada pelo rublo, menos monitorada do que as suas equivalentes em dólares. Segundo especialistas afirmaram à AFP, a novidade cria um circuito financeiro paralelo muito eficaz.
O lançamento da nova criptomoeda acontece dias depois do presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçar a Rússia e parceiros comerciais com "tarifas severas" de 100%, caso não haja um cessar-fogo com a Ucrânia até o começo de setembro.
Lançada em fevereiro por um oligarca moldavo pró-russo fugitivo e por um banco público russo, a criptomoeda A7A5 visa oferecer um canal de pagamento alternativo para empresas e indivíduos russos que negociam com o exterior. É o que explica um relatório da ONG britânica Centre for Information Resilience (CIR) publicado em junho.
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Trata-se de uma criptomoeda estável, ou seja, um tipo de ativo digital criado para replicar o valor de uma moeda tradicional.
Neste caso, é a "primeira criptomoeda estável indexada ao rublo", explicou à AFP George Voloshin, da Acams, um grupo de combate à lavagem de dinheiro.
Embora o uso da A7A5 seja atualmente "marginal", o pesquisador vê nela um "desenvolvimento importante" que demonstra que a Rússia "busca adquirir certa autonomia em relação aos grandes atores das criptomoedas".
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Entidades ligadas à Rússia foram apontadas por especialistas por terem recorrido às criptomoedas, particularmente às criptomoedas estáveis, para evitar essas medidas.
Usuários da internet também enviaram diretamente doações em criptomoedas tanto para o Exército ucraniano quanto para milícias russas, demonstraram várias empresas de análise, como a Elliptic.
Mas o problema para Moscou é que a USDT, a criptomoeda estável mais utilizada, lastreada no dólar, é emitida e "controlada pela Tether, que colabora com os governos ocidentais", explica Elise Thomas, que investigou a A7A5 para o CIR.
Em março, a Tether bloqueou carteiras virtuais que continham o equivalente a 28 milhões de dólares (155 milhões de reais) em USDT armazenadas na principal plataforma russa de intercâmbio de criptomoedas, a Garantex.
Esta última foi fechada em seguida por uma ação conjunta das autoridades americanas e de vários países europeus que a sancionaram por facilitar transações associadas a atores ilícitos, como grupos de hackers.
Este episódio "foi um verdadeiro ponto de inflexão" para as autoridades russas e "fez com que entendessem que precisavam de sua própria criptomoeda estável sob seu controle", indicou Thomas.
Nas semanas anteriores ao fechamento da Garantex, dezenas de milhões de dólares em fundos ali mantidos em USDT foram transferidos para a A7A5, observou a empresa de análise Global Ledger.
Influência na Moldávia
O valor desta criptomoeda é garantido por depósitos no banco Promsvyazbank, sancionado por seus vínculos com o governo russo e o Exército.
Mas ela está registrada no Quirguistão e é negociada na plataforma Grinex, também sediada neste país. O Quirguistão fez parte do bloco soviético, mas possui um "quadro legal favorável, menos sujeito a sanções e outras pressões econômicas" do que a Rússia, reconheceu Leonid Shumakov, diretor do projeto A7A5, em uma entrevista divulgada na Internet.
Em menos de seis meses, cerca de 150 milhões de dólares (831 milhões de reais) foram acumulados nesta plataforma, segundo dados da CoinMarketCap.
Mas essas transações não são necessariamente ilegais, ponderou Voloshin, da Acams, a menos que as entidades envolvidas estejam "sancionadas e tentem se conectar ao sistema financeiro global".
O acionista majoritário do grupo A7, responsável pelo desenvolvimento desta criptomoeda, é o empresário e político moldavo Ilan Shor, que vive na Rússia.
As investigações do CIR sugerem as ligações entre a A7A5 e as operações de influência política de Shor na Moldávia, incluindo sites associados a essas duas atividades que compartilham o mesmo endereço IP.
Sua empresa foi sancionada nos últimos meses pelo Reino Unido e, em seguida, pela União Europeia, que apontou os "múltiplos vínculos com Moscou" do grupo A7, e o fato de que "tem estado associado a esforços para influenciar as eleições" na Moldávia.
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