Ao STF, tenente-coronel Hélio Ferreira admite que elaborou plano para prender ministros preventivamente

STF interroga militares acusados de planejar prisão e morte de autoridades na trama golpista
Nesta segunda-feira (28), a Primeira Turma do STF interrogou militares acusados de planejar prisões e assassinatos de autoridades para impedir a posse do presidente e do vice eleitos em 2022. São os réus do núcleo 3 da trama golpista. Um deles, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, admitiu ter arquitetado a prisão de ministros do Supremo quando estava na Divisão de Inteligência do Exército.
A audiência foi por videoconferência. Os dez réus são acusados de pressionar comandantes militares e de planejar ações para viabilizar um golpe de Estado, inclusive o sequestro e assassinato de autoridades. Todos os que prestaram depoimento nesta segunda-feira (28) negaram as acusações.
Entre os réus estão os chamados kids pretos, como são conhecidos os militares que atuam nas forças especiais. Segundo a acusação, eles são responsáveis pelo plano Punhal Verde e Amarelo que previa o assassinato de autoridades, entre elas, o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes.
Os depoimentos desta segunda-feira (28) são considerados ainda mais importantes depois que, na semana passada, o general da reserva Mário Fernandes admitiu a autoria do plano.
"Confirmo Excelência. Na verdade, esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um estudo de situação meu, um pensamento, uma análise de riscos que eu fiz e, por costume próprio, eu resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém esse pensamento digitalizado, não foi compartilhado com ninguém. Hoje me arrependo de ter digitalizado isso."
No domingo (27), a defesa do general enviou uma manifestação ao Supremo e afirmou que ele "não confessou plano de matar ninguém". E pediu a revogação da prisão preventiva do réu.
Na audiência desta segunda-feira (28), alguns militares estavam fardados. Por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, só foram liberados para interrogatório sem o uniforme.
"A acusação é voltada contra os militares e não contra o Exército Brasileiro como um todo", disse Rafael Henrique, juiz substituto.
O primeiro interrogado foi o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto. Ele é apontado como um dos organizadores de uma reunião de novembro de 2022, na qual, segundo a PGR, militares debateram a elaboração de uma carta que serviu para pressionar comandantes a aderirem ao golpe.
O coronel do Exército Bernardo Romão disse nesta segunda-feira que a reunião era um encontro de amigos e que não trataram de nenhum plano golpista.
"Eu era contra a confecção dessa carta por achar que era um ato de indisciplina, que oficiais não deveriam se reunir pra se dirigir ao comandante do Exército. Foi um encontro realmente informal. O próprio delator, no depoimento dele, confirma que foi um encontro informal. As testemunhas que vieram depor também. Um encontro informal, um encontro de amigos das forças especiais".
O general da reserva Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira – responsável na época por coordenar as tropas do Exército – confirmou que se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, em novembro de 2022.
A acusação aponta que o encontro ocorreu após comandantes das Forças Armadas resistirem em apoiar o golpe. O general disse que a reunião foi a pedido do então comandante do Exército, general Freire Gomes, e que Bolsonaro reclamou do resultado das eleições e que não fez nenhum pedido de teor golpista.
"Ele reclamou de tudo, problemas que houve no processo eleitoral, reclamou até algumas coisas dele próprio, ele achava que podia ter agido diferente. No final, o que eu me lembro de ter dito, até seguindo a orientação do general Freire Gomes, era acalmar o presidente. 'Senhor presidente: tudo já passou, e agora é tocar para frente o barco e seguir o rumo normal das coisas.' Essa era a nossa função", relatou Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, general da reserva.
Ao STF, tenente-coronel Hélio Ferreira admite que inteligência do Exército elaborou plano para prender ministros preventivamente
Reprodução/TV Globo
Theophilo negou ainda que tenha prometido comandar tropas para dar apoio a um plano golpista. Ou que tenha visto ou discutido a chamada minuta de decreto do golpe.
"Não me foi apresentado nenhum documento, nem me foi proposto nenhuma coisa ilegal e inconstitucional, de tal forma que eu pudesse aderir ou não. Isso não aconteceu. Eu enfatizo isso aqui, porque até não cabia".
O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima teve de responder a perguntas sobre um documento com um plano de golpe de Estado, encontrado com ele pela Polícia Federal. A chamada Operação Luneta – segundo as investigações – previa a prisão de juízes do Supremo para neutralizar a capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes.
O coronel admitiu que produziu o documento quando trabalhava no setor de inteligência do Exército e afirmou que era um cenário hipotético.
"Esse documento é como se fosse um esboço, é um rascunho. Ele é um estudo de cenário prospectivo que é previsto nos nossos manuais, no manual de produção do conhecimento de inteligência. O oficial de inteligência tem diversas possibilidades de estudo de cenário. Eu não estava fazendo nada oculto. Isso surgiu numa conversa minha com o meu comandante. Eu falei que eu ia fazer esse cenário. Mas, quando eu fui apresentar para ele, a prioridade dele era outra. Ele mandou eu abandonar isso de lado. Nem olhou, nem abriu computador."
O coronel Hélio Lima confirmou que participou de uma reunião na casa de Braga Netto, mas negou que tenha discutido o plano Copa 2022 que, segundo as investigações, previa o monitoramento de autoridades e a execução do presidente Lula e do ministro Alexandre de Moraes no dia marcado para o golpe de Estado e foi cancelado na última hora.
Quando os interrogatórios terminarem, acusação e defesa terão cinco dias para pedir diligências adicionais. Depois, será aberto o prazo para as alegações finais, última etapa antes do julgamento.
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Nesta segunda-feira (28), a Primeira Turma do STF interrogou militares acusados de planejar prisões e assassinatos de autoridades para impedir a posse do presidente e do vice eleitos em 2022. São os réus do núcleo 3 da trama golpista. Um deles, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, admitiu ter arquitetado a prisão de ministros do Supremo quando estava na Divisão de Inteligência do Exército.
A audiência foi por videoconferência. Os dez réus são acusados de pressionar comandantes militares e de planejar ações para viabilizar um golpe de Estado, inclusive o sequestro e assassinato de autoridades. Todos os que prestaram depoimento nesta segunda-feira (28) negaram as acusações.
Entre os réus estão os chamados kids pretos, como são conhecidos os militares que atuam nas forças especiais. Segundo a acusação, eles são responsáveis pelo plano Punhal Verde e Amarelo que previa o assassinato de autoridades, entre elas, o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes.
Os depoimentos desta segunda-feira (28) são considerados ainda mais importantes depois que, na semana passada, o general da reserva Mário Fernandes admitiu a autoria do plano.
"Confirmo Excelência. Na verdade, esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um estudo de situação meu, um pensamento, uma análise de riscos que eu fiz e, por costume próprio, eu resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém esse pensamento digitalizado, não foi compartilhado com ninguém. Hoje me arrependo de ter digitalizado isso."
No domingo (27), a defesa do general enviou uma manifestação ao Supremo e afirmou que ele "não confessou plano de matar ninguém". E pediu a revogação da prisão preventiva do réu.
Na audiência desta segunda-feira (28), alguns militares estavam fardados. Por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, só foram liberados para interrogatório sem o uniforme.
"A acusação é voltada contra os militares e não contra o Exército Brasileiro como um todo", disse Rafael Henrique, juiz substituto.
O primeiro interrogado foi o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto. Ele é apontado como um dos organizadores de uma reunião de novembro de 2022, na qual, segundo a PGR, militares debateram a elaboração de uma carta que serviu para pressionar comandantes a aderirem ao golpe.
O coronel do Exército Bernardo Romão disse nesta segunda-feira que a reunião era um encontro de amigos e que não trataram de nenhum plano golpista.
"Eu era contra a confecção dessa carta por achar que era um ato de indisciplina, que oficiais não deveriam se reunir pra se dirigir ao comandante do Exército. Foi um encontro realmente informal. O próprio delator, no depoimento dele, confirma que foi um encontro informal. As testemunhas que vieram depor também. Um encontro informal, um encontro de amigos das forças especiais".
O general da reserva Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira – responsável na época por coordenar as tropas do Exército – confirmou que se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, em novembro de 2022.
A acusação aponta que o encontro ocorreu após comandantes das Forças Armadas resistirem em apoiar o golpe. O general disse que a reunião foi a pedido do então comandante do Exército, general Freire Gomes, e que Bolsonaro reclamou do resultado das eleições e que não fez nenhum pedido de teor golpista.
"Ele reclamou de tudo, problemas que houve no processo eleitoral, reclamou até algumas coisas dele próprio, ele achava que podia ter agido diferente. No final, o que eu me lembro de ter dito, até seguindo a orientação do general Freire Gomes, era acalmar o presidente. 'Senhor presidente: tudo já passou, e agora é tocar para frente o barco e seguir o rumo normal das coisas.' Essa era a nossa função", relatou Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, general da reserva.
Ao STF, tenente-coronel Hélio Ferreira admite que inteligência do Exército elaborou plano para prender ministros preventivamente
Reprodução/TV Globo
Theophilo negou ainda que tenha prometido comandar tropas para dar apoio a um plano golpista. Ou que tenha visto ou discutido a chamada minuta de decreto do golpe.
"Não me foi apresentado nenhum documento, nem me foi proposto nenhuma coisa ilegal e inconstitucional, de tal forma que eu pudesse aderir ou não. Isso não aconteceu. Eu enfatizo isso aqui, porque até não cabia".
O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima teve de responder a perguntas sobre um documento com um plano de golpe de Estado, encontrado com ele pela Polícia Federal. A chamada Operação Luneta – segundo as investigações – previa a prisão de juízes do Supremo para neutralizar a capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes.
O coronel admitiu que produziu o documento quando trabalhava no setor de inteligência do Exército e afirmou que era um cenário hipotético.
"Esse documento é como se fosse um esboço, é um rascunho. Ele é um estudo de cenário prospectivo que é previsto nos nossos manuais, no manual de produção do conhecimento de inteligência. O oficial de inteligência tem diversas possibilidades de estudo de cenário. Eu não estava fazendo nada oculto. Isso surgiu numa conversa minha com o meu comandante. Eu falei que eu ia fazer esse cenário. Mas, quando eu fui apresentar para ele, a prioridade dele era outra. Ele mandou eu abandonar isso de lado. Nem olhou, nem abriu computador."
O coronel Hélio Lima confirmou que participou de uma reunião na casa de Braga Netto, mas negou que tenha discutido o plano Copa 2022 que, segundo as investigações, previa o monitoramento de autoridades e a execução do presidente Lula e do ministro Alexandre de Moraes no dia marcado para o golpe de Estado e foi cancelado na última hora.
Quando os interrogatórios terminarem, acusação e defesa terão cinco dias para pedir diligências adicionais. Depois, será aberto o prazo para as alegações finais, última etapa antes do julgamento.
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